terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Adeus ao A(mar)gor.




Eu vejo você procurando alguém na multidão. Eu, de dentro de um abraço com a cabeça escorada no peito de um amor, peço que os meus olhos te sigam. Você, sozinho, também segue.

Vejo as coisas que eu te disse e me pergunto qual foi o momento em que tudo deu errado, uma palavras espaçadas entre as batidas das música em um sábado ou se foi a maneira como eu insisti em continuar presente. Não foi só um café, ou uma festa badalada, nem um esbarrão em algum lugar comum com um tanto de gente. Eu nem digo mais muito prazer, eu nunca disse, mas sempre era, porque não sabia como seria. Se soubesse, teria dito. Mas só de te ver tudo vira uma confusão.

Você me vê e enruga a testa, de um jeito que eu bem conheço, porque não é a primeira vez que os dois agem como crianças que estragaram o brinquedo preferido um do outro. Você parece mais maduro, ou é tudo mentira, porque seu orgulho ainda não te deixou ir. Eu não penso nessas coisas, porque eu sinto tanto que bate uma angústia, você já sentiu como se algo te repuxasse o peito em vez do sorriso? Eu deveria estar feliz por você. Eu deveria estar feliz por mim mesma, não, por que eu estaria? De todas as vezes que eu imaginei o futuro nem de longe você não fazia parte dele. Enquanto você vira o rosto pro lado, eu lembro que eu não dou mais risada com você e imito o gesto. Eu ainda lembro de ter aceitado o desafio.

Eu vejo o jeito como você me olha e ele não é muito diferente do meu. Talvez eu tenha um ou dois arrependimentos nervosos que me faz quererem ir falar com você e te perguntar como vai a vida, como se fossem espasmos, mas eu não consigo achar a coragem pra isso. Não consigo entender as coisas que eu tenho em contradição, porque fui eu que tomei essa decisão. E eu não entendo porque eu ainda me acho, aqui de baixo, melhor que toda essa situação. Ninguém vai passar horas numa livraria pra tentar encontrar um livro que te surpreenda, seu livro preferido só pra te fazer surpresa numa quinta, nem vai deixar de olhar pra outros caras porque eles não sabem dançar comigo como você dança. Ninguém vai fazer as mesmas coisas que eu, porque o eu e o você se tornava nós e ninguém dá conta de ser mais nós que nós mesmos. Talvez seja essa a parte que eu mais odeio, a parte que realmente dói: quando cai a ficha de que já se passaram meses que nós não somos mais nós..

Você ainda assiste aquilo? Porque eu fico imaginando se seus programas são os mesmos enquanto eu assisto mais um capítulo de outro seriado em casa. Eu te juro, eu te vejo em todo o canto pra onde vou, morro de medo de esbarrar com você por aí e ter que fingir que não quero sorrir, que ainda to brava com você. Morro de medo de abrir meu Facebook um dia e encontrar alguma coragem e ir do nada continuar tudo de onde paramos, 20 segundos de coragem insana e eu coloco todos os meus argumentos abaixo.

Não vou entender, ninguém entende quando uma pessoa que era tão nossa passa a ser do acaso assim, do nada, tudo se vai e fica só um monte de lembrança. Como se um dia eu acordasse e dissesse que 6 anos de você já estavam bons, mas tinha acabado a partir dali. Será que você sofreu ou pensou demais antes de me deixar fazer tudo isso a mim mesma? Será que você cogitou esperar um pouco e tentar outra vez antes de simplesmente concordar com a minha decisão? Você nunca concorda comigo, eu me pergunto, pergunto todo dia, me pergunto com a frequência que eu penso em você. Só queria que tudo se resolvesse como antes, com aquele velho e bom, então, eu não sei bem o que eu tava pensando. Tudo devia ser cereja e não jiló.

Por enquanto só a previsão do tempo responde: depois da tempestade que você me causou, tudo na vida é garoa. . Hoje eu passo por você e espero que você lembre que um dia eu fui ventania.


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