Desculpa. Primeiramente, desculpa. Por tudo. Por ser uma idiota mal resolvida em todas as aéreas da minha vida. Por abandonar o barco e te deixar afundar. Nas profundezas do mar do desapontamento. Perdoa meu jeito instável e individualista. Meu coração de gelo. Minhas feridas semi-abertas. Minha falta de interesse. A ausência de sentimento. Desculpa não ser nada do que você esperava. Ou igual a todo mundo que chega, faz a maior bagunça e depois vai embora. Sem avisar. Sem ajudar a limpar. Desfaz os planos. Cancela o almoço de domingo na sua casa. Diz pra sua avó que eu não sou boa o suficiente pra você. Que eu sou muito indecisa e imatura. E você precisa de alguém que te ajude a evoluir. Que te faça feliz. Se convence disso. Que foi tudo fogo de palha. E que a gente não tinha mesmo futuro. Mas por favor, não me odeie. Eu não sou uma pessoa ruim, só estou perdida. Acredite! Antes de estragar eu fui saudável. Eu via sentido na vida. Fazia planos. Me dedicava. Sonhava. Num dia infeliz, alguma coisa aconteceu e eu senti meus pés perderem o chão. Imediatamente fui lançada em um lugar novo. Completamente diferente do que eu estava acostumada. Refiz meu caminho. Andei por estradas desconhecidas e perigosas pra uma garota que não sabia nada sobre a vida. Sofri. Pra caramba, até virar isso aqui que eu sou hoje. Nunca mais serei a mesma. Tentei voltar atrás. Encontrar meu caminho, do qual fui arrancada abruptamente. Mas dei de cara, de novo, com as mesmas dificuldades que me fizeram apodrecer. E tive que enfrentá-las novamente. Não me arrisco mais a voltar. Porque toda vez, a história se repete. E pode ser que um dia eu perca as forças no meio do caminho. Do fundo do meu coração (que apesar de não parecer, se importa muito). Me perdoa. Se possível. Me perdoa. Porque sei que por mais que você seja sensato e bondoso, a alma dói. E contamina todo o resto. Já estive no seu lugar e sei o quanto é difícil superar alguém. Principalmente quando esse alguém te desaponta muito além do que você parece conseguir suportar. Eu sei que a vida fica cinza. Os dias perdem a graça. A tristeza se instala e as esperanças se dissipam. Como cinza no vento. Mas a vida não acaba. O tempo não para pra você se recompor. A dor continua lá, batendo sem cessar. No íntimo da alma. Você ainda está de luto, mas a vida continua. Sempre. Até que um dia, as feridas cicatrizam. E deixam de incomodar. Vai acontecer exatamente assim. Nessa ordem, te garanto. Te dou minha palavra. Embora ela tenha perdido a credibilidade. Eu sei que tudo isso pode parecer ruim. Agora que, você se envolveu bem mais do que o esperado e depositou expectativa demais na história que, eu acabei de destruir. Se serve de consolo, sempre quis alguém como você. Eu ainda quero. Mas não agora. Não pra já. Assim, sem que eu esteja preparada pra recebê-lo. Pra amá-lo e ser tudo o que você espera em alguém. Eu te quero num futuro promissor. Estável. Mas não exijo que você espere por ele. Que se prenda a ele e deixe o agora passar despercebido. Quero é que você viva intensamente tudo o que há pra viver. Nesse instante. Com emoção. Intensidade. Do jeito que você é. Sempre. Desculpa de novo pelo tempo que você investiu em mim. Na expectativa de que eu fosse retribuir. Foi mal pela frustração. Por eu ter despertado você, um interesse grande (e eu juro que dei tudo de mim pra que fosse recíproco.) Não posso fazer nada além de me desculpar. Infinitamente. Sei que esse fim é totalmente inesperado. Mas a vida é uma caixinha de surpresas. E só nos resta aceitar e seguir. Mesmo que dilacerado. Mesmo que a vontade seja permanecer e lutar pela batalha que claramente, já foi vencida. Game over pra gente. Sinto muito por isso. Por ter nos deixado escorrer pelas mãos. Sinto muito por bagunçar sua vida. Por mudar seus planos. Sinto muito por não ser quem você esperava.
, de novo. Por tentar me encaixar no padrão de pessoa certa, quando eu não era suficiente nem pra mim mesma. Sinto tanto. Mas não mais que você. Não tanto quanto com você. Perdoa, é que às vezes, o amor não vem.
